Você está na Frequência Global.


  Depois de falarmos de V de Vingança aqui , temos uma outra série fabulosa de um  autor britânico, Frequência Global, de Warren Ellis. Ellis para quem não conhece, é também o autor de outras séries cultuadas nas ultimas décadas. Dentre elas: Planetary (merece post) , Transmetropolitan (publicadas pela Panini), Authority, Red (sim o mesmo do filme com o Bruce Willis), além de vasta contribuição com o selo Marvel (Homem de Ferro Extremis por exemplo, que vai logo estar nas resenhas HqFan). Ellis é muito ligado as tendências tecnológicas e grande fã de ficção científica, portanto seus trabalhos muitas vezes abordam esse tipo de tema. Considerado um dos expoentes da última geração de escritores ele é aclamado por muitos com obras como a que mostraremos nesse post. Com os rumores de que a FOX contratou um novo piloto para a série, poderemos ver essa obra adaptada nas telas logo.


Warren Ellis - Um dos grandes autores da última geração.
           
           É importante contextualizar a obra, para dimensionar sua profundidade. Ellis concebeu FG após o atentado as torres gemêas em 2001, a série saiu pelo selo Wildstorm (que hoje é posse da DC) entre 2002 e 2004, sem periodicidade fixa. O conceito da série é a inteligência coletiva, a descentralização da informação através de contribuições individuais para o todo. Vivemos o boom da era da informação, e porque não podemos aprender com as experiências de vida únicas de cada ser humano? Suas habilidades, seus métodos... Sistemas como o Linux e os software livres,  tem propósitos semelhante, através de comunidades que trocam experiências ao redor do globo e agregam valor as ferramentas. Ou em movimentos como as passeatas de protesto organizadas pela internet.
E o que isso tem a ver com os quadrinhos ?  Ellis introduziu o conceito em FG. A FG é uma instituição desvinculada de qualquer governo, que conta com 1001 agentes pelo mundo, eles são acionadas através de suas especialidades de atuação/profissão - atletas, soldados, historiadores, crackers. Todos são monitorados por uma central, coordenadas pela agente Miranda Zero e possuem um tipo de celular como comunicador.

Aleph - Você está na Frequência Global !

Ellis tratou de convocar a FG 12 grandes artistas para os desenhos. Dentre eles - David Lloyd, Steve Dillon, Lee Bermejo, Simon Bisley, Jon J Muth e outros. Cada história já tem um final e não compromete a leitura das demais. A edição capa dura da Panini é caprichada, e a 1ª edição tem uma bela introdução do jornalista Fábio Fernandes. A 2ª edição tem apenas um pequeno resumo das histórias anteriores. A qualidade das histórias da 1ª edição são superiores, o que não significa que a 2ª edição seja ruim.

Livro 1 

1 – Bombista,  arte de Garry Leach
Janos Voydan é um ex-agente secreto russo com um implante no crânio prestes a explodir e levar metade da costa oeste dos EUA. Um físico soviético, um ex-soldado e um piloto de helicóptero são acionados para apoiar a resolução do caso.

2 – Roda Gigante, arte de Glenn Fabry
Um grupo formado por pessoas de diferentes habilidades é enviado a um complexo militar para resgatas pessoas. No local eles terão de enfrentar um ciborgue enlouquecido.


3 – Invasão Ideal, arte de Steve Dillon
Um hoax/meme se espalha através de ondas de rádio levando as pessoas a uma espécie de transe.
Uma especialista em neurolinguística é acionada junto de uma equipe de contenção, para tentar evitar a disseminação. (É um dos pontos altos da série)

4 – Cem Celestiais, arte de Roy Martinez
Uma ameaça terrorista de programadores web promete matar 30 reféns se suas exigências, que ficam num site que ninguém costuma acessar, não forem cumpridas. As cenas de ação estilo Matrix, são fantásticas.

5 – Céu Grande, arte de Jon J Muth
Uma mistério sobrenatural após a queima de uma igreja, precisa ser explicado. As pessoas parecem ter sofrido efeitos colaterais com o fato. Um mágico e uma psicóloga fazem parte do time acionado.

6 – Na Corrida, arte de  David Baron
Uma bomba com um vírus está em um ponto de Londres prestes a ser detonada. A FG aciona uma praticante de Parkour para cruzar o caminho até o local.

Praticante de Parkour em Londres 

Livro 2


Detonação, arte de  Simon Bisley: Mais uma edição em que temos um ataque de uma célula terrorista.

arte de  Chris Sprouse:
A coordenadora da F, Miranda Zero é sequestrada, e a equipe montada para a operação tem cerca de 1 hora para encontrá-la.

arte de Lee Bermejo: O ex-agente, Takashi Sato, tem que visitar um complexo no qual experimentos bizarros estão sendo realizados em cobaias humanas. A arte de Bermejo da o tom para o clima pertubador e psicológico. Sato tem um choque ao ver as atrocidades...

Super Violência, arte de Tomm Cocker: Uma disputa física, uma luta do início ao fim entre dois desafetos...

 Aleph, arte de Jason Pearson:
Aleph é quem monitora e convoca os agentes da FG, porém uma invasão a sua base a obriga a usar força bruta. Enquanto isso vemos um pouco de seu passado e como ela foi recrutada.

Harpão , arte de Gene Ha:
Um ótimo final... Uma ameaça em escalas globais. A história nos deixa com o gosto de querer mais. Importante ressaltar a mudança na base de monitoramento de Aleph (foi publicada em 2004). Já temos ela utilizando um monitoramento diferente das edições anteriores e mais futurista.


Aleph - A FG mais futurista
A linguagem de Ellis sugere realmente uma série televisiva (assim como em Planetary), em 2005 FG flertou para a estreia nas telas através de um projeto piloto que não vingou. A Warner acabou recusando depois de ele ter vazado na internet. O episódio de 45 minutos foi considerado promissor, inclusive por Ellis que garantiu que adorou Michele Forbes como Miranda Zero. Como dito anteriormente, a FOX está fazendo um novo piloto para tentar colocar a série em definitivo na TV. Ellis disse que terá mais noticias em breve, e que tem boas relações com a emissora. Ao certo sabe-se que a Fox pagará uma multa caso o piloto não se materialize.



Para os entusiasmados, o episódio completo do piloto da Warner está aqui 
    
      
          Fechando este review, FG é uma ótima maneira de se aventurar na mídia dos quadrinhos e ampliar conceitos, além de demonstrar que, a exemplo de V de Vingança, a mídia ainda tem muito potencial e depende apenas de boas ideias para inovar (e claro caras inovadores). Portanto você está sendo acionado neste momento ... suas habilidades de leitura serão postas em provas: Você está na Frequência Global.



Capa do volume 1 pela Panini


Erick Cavalcante