O paradoxo de Ícaro



Podemos dizer que a história de Ícaro remete um pensamento paradoxal. Existem dois famosos ditados populares que fazem correlação com o acontecimento do personagem:  um pode ser visto como uma frase motivadora, impulsionadora; já o outro ditado pode ser como um conselho tardio ou um alerta sobre consequências.

Mas antes de falarmos e entendermos o paradoxo, precisamos conhecer um pouco sobre a história citada no início:
 


Na mitologia grega, Ícaro era o filho de Dédalo, considerado um dos homens mais inteligentes da Grécia. Dédalo foi o responsável pela construção do Labirinto do Minotauro, por exemplo.
Os dois, pai e filho, moravam na Ilha de Creta comandada pelo Rei Minos. Após a derrota do Minoutauro, Dédalo ajudou uma das filhas do rei a fugir com Teseu (herói que derrotou o Minotauro), e por este ato foi condenado a viver com Ícaro dentro do seu próprio labirinto.

Sabendo que Minos comandava toda terra e mar em volta da ilha, o engenhoso Dédalo percebeu que a única alternativa para fugir do confinamento seria pelos céus. Então, sem perder tempo, projetou asas juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem. Foi moldando com as mãos, de forma que estas asas se tornassem perfeitas como as das aves.

Com tudo pronto, Ícaro e Dédalo começaram a voar como nenhum outro homem antes. Porém, o pai alertou ao filho que não voasse tão alto, próximo do sol, porque o calor derreteria a cera e as asas se soltariam. Deslumbrado e ignorando completamente o aviso do pai, Ícaro tentou voar mais alto e teve suas asas descoladas das costas, caindo no Mar Egeu.

Quando Dédalo percebeu que seu filho não o acompanhava mais, gritou: "Ícaro, Ícaro, onde você está?".

Logo depois, viu as penas das asas flutuando no mar. Lamentando suas próprias habilidades, chegou seguro à Sicília, onde enterrou o corpo e chamou o local de Icaria em memória de seu filho.


 

O paradoxo de Ícaro


“O céu é o limite!”
Esse primeiro ditado popular poderia ter sido facilmente dito por Ícaro ao seu pai antes da grande aventura. Uma frase que muitos entendem como motivadora, passa a sensação de que o limite está na cabeça do ser humano e, se ele quiser, poderá chegar até os céus.

De fato, não há como contra argumentar o quão incentivador pode ser esse ditado. Em alguns momentos, para pessoas que já não acreditam na vitória, uma frase como esta pode fazer muita diferença.


“Quanto mais alto, maior a queda!”
Em contrapartida, este segundo ditado diz basicamente a mesma coisa do primeiro, só que de um ângulo diferente. Embora a frase soe mais como um tardio aviso, também se encaixa perfeitamente num alerta para as consequências de um ato imprudente.

Ainda que esteja longe de ser motivador, este segundo ditado nos leva a uma reflexão muita mais profunda. E nos traz para uma realidade mais próxima à dos seres humanos: Todos os atos têm consequências. E quanto maiores os atos, maiores serão as consequências.


Em suma, a história de Ícaro é um verdadeiro paradoxo. Talvez como quase tudo que ocorre na nossa rotina diária. Toda situação têm mais de ângulo a ser observado, e às vezes, nenhum está certo e nenhum está errado... completamente.
 
 
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