Critica Mulher Maravilha Sem Spoilers
Um dos melhores filmes da DC até o momento e o grande filme do gênero com uma heroína de protagonista
Bebendo na fonte de 76 anos de uma mítica história, o longa da Mulher-Maravilha é o grande acerto de uma adaptação de quadrinhos com uma protagonista . Os fracassos colecionados ao longo dos anos, de Supergirl (1984), Bela e Perigosa (1996), Mulher-Gato (2004) à Elektra (2005), temos um desfile de mulheres más aproveitadas nos cinemas. Com raras exceções de boas e marcantes atuações como de Michele Pfeiffer de Selina Kyle ou mais recentemente de Margot Robbie como Arlequina, que apesar de não serem ruins são de personagens que dividiam a tela com outros protagonistas em seus filmes.
E essa era a oportunidade de aumentar a representatividade feminina com um filme da maior heroína de todos os tempos, com um filme solo totalmente dela. E a história (que tem um dedo de Zack Snyder) nutre o que de melhor a heroína explorou em seu amadurecimento nos quadrinhos. O núcleo de suas histórias sempre fora a compaixão acima da sede de batalha, mesmo que em suas origens exista o fato de ser de uma casta de guerreiras natas. Seria óbvio demais que o caminho natural da vingança compelida, tão comum como pano de fundo, fosse usada. Mas não é este o caso. Respeitando muito o material de George Pérez e flertando com os Novos 52, temos um filme com uma conotação bem emocional.
Aliás o 1º arco do material de Pérez no pós-crise (lançado recentemente pela Panini em 3 encadernados), é o ponto de partida para a trama. Existem muitas similaridades no decorrer da história apesar de ressalvas. Na HQ Diana não tem o domínio do inglês, mas fala grego antigo (sua adaptação se dá através de uma professora chamada Julia Kapatelis), passando-se no fim da Guerra Fria e contando com um Steve Trevor mais velho do que o visto no filme. Diferenças a parte, o contexto das histórias de Perez com relação a tarefa humanitária da Princesa Diana é bem assimilado na adaptação.
Além disto temos uma clara homenagem a Superman (1978), com uma atuação de Gal Gadot que acena para a de Christopher Reeve ( um misto de humor e esperança em meio a problemas sociais). Apesar de tudo isso, e de ser claramente um acerto no universo cinematográfico da DC, há alguns pontos a se destacar. Primeiro que os vilões são bem rasos em suas tramas, e isso é uma falha de como foram trabalhados (talvez por tentarem destacar ao máximo Gal Gadot em tela). Assim como, apesar dos discursos de Diana sobre a independência de prazer das mulheres e etc, falta um pouco da representação maior do feminismo. Não chega a ser um grande problema, afinal há espaços para novos filmes. Em contrapartida, não há um apelo sexual há protagonista, tanto em vestimentas como nos takes (sem 'bundalização'). E esse é um mérito da diretora Patty Jenkins.
E para os que gostam de comparações, podemos traçar um paralelo entre a ilha de Themyscira com a Asgard da Marvel (inclusive visualmente já que George Perez se inspirou em Walter Simonson para desenhar seu 'run' em Wonder Woman). E a ilha das Amazonas é retratada de uma maneira incrível no filme ( e na minha opinião melhor do que Asgard nos filmes do Thor), assim como suas habitantes, denotando um grande senso de justiça e um forte apelo de combate sem perder o ar mitológico. O melhor disso tudo é que a ambientação histórica (a origem das Amazonas) é feito de uma maneira muito orgânica. Sobre a atuação da atriz principal, não creio que a sua 'inexperiência' em cena tenha atrapalhado o filme (mesmo estando ciente que a Gadot é uma atriz com uma carreira em construção). Assim como não vejo interferências significativas no CGI e nas coreografias de cenas de ação (chama a atenção que os movimentos das lutas pareciam como uma dança para destacar as habilidades das amazonas).
Infelizmente, o ato final tem um pouco de clichê comum de filmes do gênero com os famosos feixes de energia e etc. Mas sem dúvidas Mulher-Maravilha é um ótimo filme da DC, cumprindo o dever e fazendo jus ao legado da heroína, tendo conseguido o grande feito de ser até o momento o grande filme do gênero com uma protagonista feminina em um filme solo todo seu. Além de popularizar a mídia aproximando o público feminino (interessante nesse caso que até uma linha de bonecos estilo Barbie foi criada)
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