Embora atrasado, assisti Thor Ragnarok: olha... tocar o fod@-se de vez em quando funciona
Uma das grandes vantagens de conferir os filmes depois da "grande massa nerd", é poder fazer isso sem nenhum tipo de pressão, apreciar a produção por completo e ainda buscar os detalhes citados nas resenhas espalhadas pela internet.
E, dessa vez eu digo que fui enganado... não pela Marvel, e sim pelos "especialistas" de plantão. A maioria dos reviews vendiam o filme com um verdadeiro stand up comedy vergonhoso e sem o mínimo de profundidade. Thor Ragnarok é justamente o contrário disso, e a experiência em assistir o filme é maravilhosa.
Como os críticos puderam afirmar que Thor Ragnarok é um filme bobo e infantil, quando ele é o mais adulto da série? Diferentemente do drama shakesperiano que foi o primeiro, e da vergonha que foi o segundo, em Ragnorok temos cenas com olhos sendo arrancados, pessoas sendo assassinadas e estacas atravessando corpos. Ou seja, uma coragem que faltava nas produções do Odinson.
Sério, vocês prestaram atenção como o Volstagg e o Fandral morrem? Nossa, não houve nenhum tipo de piedade ali.
Assim, para aqueles que foram esperando uma comédia pastelão ou um filme sem apresentações impactantes, foi uma verdadeira decepção... ainda bem.
O Hulk não é destaque, apenas uma boa adição
Outro ponto que poderia ludibriar o espectador é a participação do Hulk. Mas essa "pegadinha" é culpa da própria Marvel, que deu a entender nos trailers que o Gigante Esmeralda roubaria a cena e se tornaria um dos destaques no filmes. Não é bem isso. Aliás, longe disso.
A participação do "Verdão" é interessante e sensacional, mas ele não toma o filme para si ou coisa parecida. O filme é do Thor, e em nenhum momento esse ponto de vista se perde. Tirando o embate na arena e a luta contra o Lobo Fenrir, as cenas do Hulk / Bruce Banner se resumem a diálogos rápidos.
Graças a Odin, o único detalhe do Planeta Hulk que tivemos no filme foi a questão dos gladiadores, nada mais. Ter mais um vingador na película foi ótimo, porém, não passou disso: uma ótima adição.
A primeira vilã que mata pessoas
Finalmente tivemos alguém mal de verdade fazendo papel de vilão na Marvel. Não me entendam errado, mas em nenhum filme anterior do MCU tivemos um vilão que causasse medo e que, definitivamente... matasse pessoas.
Mesmo nos dois primeiros Vingadores, onde as ameaças seriam, teoricamente, em escala maior, não fica a sensação de grande perigo e muito menos somos surpreendidos com o vilão matando alguém a sangue frio. Ok, o Ultron matou o Mercúrio. Mas era o Mercúrio, então. E desde que o Loki ganhou um fandom (essa palavra), já sabíamos que ele não mataria ninguém.
Com a Hela foi tudo diferente. Nos seus primeiros passos em Asgard ela atravessou adagas no coração dos dois guerreiros, logo em seguida destruiu um exército inteiro e pendurou o Hogun numa estaca gigante. Ela foi mau de verdade, como todo vilão deveria ser.
Alguns sites disseram que Cate Blanchet se perdeu na esquizofrenia da personagem e por isso não passou um ar amedrontador. Qual é o problema desse pessoal? O único momento que algo assim acontece (ainda que muito longe), é quando o próprio Hogun desfaz da vilã e ela dá um pequeno chilique.
Fora isso, a Hela de Blanchet se estabelece como a maior personagem maligna do universo Marvel até o momento. Só espero que o estúdio não mantenha o seu histórico e traga a Hela de volta em futuros filmes.
Loki mantendo o nível e a Valquíria sendo uma grata surpresa
Não é à toa que Tom Hidleston tem um fandom (argh, essa palavra), o Loki dele se transformou no anti-herói mais amado de todos. O ruim disso é que ele já não funciona mais como vilão. Mas que assim seja, ele sempre manda muito bem em qualquer filme que aparece com o seu personagem.
Diferentemente do irmão de Thor, a Valquíria de Tessa Thompson era uma incógnita. Muitas acreditavam que a personagem seria só mais um par romântico - chato - para o deus do trovão, outros achavam que ela só estaria ali para cumprir a cota. Ainda bem, não foi nenhuma das opções. A personagem teve sua própria história, seu próprio arco e personalidade única.
Existiu sim uma tensão sexual entre ela e o protagonista, mas não passou disso. A Valquíria cumpriu bem o seu papel: foi indiferente quando o roteiro pedia e teve a sua jornada heroica sem forçação de barra.
A Marvel tocou o foda-se para o Thor
Pois bem, chegamos ao protagonista. Antes de falarmos sobre a participação do Odinson no seu próprio filme, vamos dar uma pincelada sobre o que é o Thor para a Marvel Stúdios.
De forma contrária ao Capitão América e Homem de Ferro (as outras duas partes da trindade principal), o Thor não conseguiu boas críticas em nenhum dos seus filmes solos. A Marvel tentou algo mais calmo e romântico na primeira produção, e ficou no meio entre "seriedade" e galhofa no segundo. Como sabemos, nenhuma das fórmulas funcionou muito bem.
O fato é que, diferente dos seus amigos Vingadores, o deus do trovão não tinha uma identidade estabelecida. Até mesmo a questão dos asgardianos serem divindades ou aliens ficou sem uma decisão definitiva. Porém, era preciso fechar o ciclo de três filmes do personagem. Então, o que fazer?
Com uma dúvida descomunal - que só não era maior do que o questionamento sobre o que aconteceu na final da Copa de 98 - a Marvel Studios simplesmente tocou o foda-se para o personagem e o entregou de bandeja nas mãos de Taika Waititi.
O diretor que veio de trabalhos pequenos e que reconhecidamente abraça a comédia, resolveu fazer uma mudança radical no status quo de Odinson. Saiu o Thor apaixonado e cheio de dúvidas, e entrou o Thor fanfarrão e com poder overpower; saiu a limitação entre a Terra e Asgard, e entrou viagens pelo espaço.
Vejam bem, o Thor é fanfarrão sim no filme, todavia, não é piadista. Ele não tenta fazer piadas, aliás, a maioria de suas cenas são calcadas na seriedade. Com exceção da conversa com o Surtur no início (algo que me incomodou bastante), o Thor está longe de ser aquele personagem bobalhão do 'Mundo Sombrio'. O tempo todo ele deixa claro que quer voltar para Asgard e restituir a ordem, não faz graça com ninguém ou mesmo se torna um alívio cômico.
Pela primeira vez vemos Chris Hemsworth a vontade no papel, o ator consegue convencer que é mais do que um rostinho bonito. É de longe a melhor interpretação do Thor no MCU.
Conclusão
Seria ignorância ou incoerência da minha parte falar que o filme não têm defeitos. Como qualquer produção ficcional, este não é livre de falhas. Tem piadas sim, algumas realmente atrapalham. Duas em especial foram completamente desnecessárias: o Thor sem graçaralho na conversa com o Surtur no início do filme, e a piadinha do Gork (é assim?) enquanto Asgard estava queimando - pelo menos nessa hora fizeram questao de mostrar todos os asgardianos chorando e se lamentando.
Porém, levando em conta que estavam vendendo o filme como uma versão de Zorra Total no espaço, Thor Ragnarok superou bastante as expectativas, bem como quebrou a maldição da trilogia e se tornou a melhor produção do personagem.
Este não é o Thor das hqs e nunca será. Mas, se você compreender que são mídias diferentes e que uma identidade foi estabelecida no personagem, valeu a pena o foda-se da Marvel.
É isso, até a próxima!!
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